Portaria da pasta regula participação de militares na segurança de eventos que hoje estão a cargo da Polícia Federal
Presidente Dilma teme que uma paralisação dos agentes em 2014 afete a organização do campeonato mundial
No momento em que o governo tenta pôr fim à greve dos agentes da Polícia
Federal, o Ministério da Defesa publicou ontem uma portaria
regulamentando a participação das Forças Armadas na segurança de eventos
como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Hoje a política de segurança dessas festividades fica a cargo do
Ministério da Justiça e, portanto, da Polícia Federal -por meio da
Secretaria de Grandes Eventos.
A portaria da Defesa diz que o ministério está "autorizado a realizar o
planejamento para o emprego temporário das Forças Armadas" na Copa,
Olimpíada e Jornada Mundial da Juventude, além da Copa das
Confederações.
Ela também trata do uso das Forças Armadas na defesa aeroespacial, em
áreas marítimas e portuárias, além da atuação em casos de ataques
cibernéticos, terrorismo e uso de agentes biológicos e nucleares. E
autoriza a Defesa a usar aeroportos militares para embarque e
desembarque de passageiros e cargas civis.
Apesar de minimizada ontem pelos dois ministérios, a norma ganha
relevância política porque há, nos bastidores do governo, um debate
sobre transferir o comando dos grandes eventos a militares, menos
suscetíveis a greves.
Agentes da PF estão parados desde a semana passada. A greve afeta
investigações e a emissão de passaportes -e criou filas nos aeroportos.
Na prática, a portaria só autoriza os militares a se planejarem para
atuar nos eventos, e não fala em substituição de comando. Mesmo assim,
foi lida por membros da polícia como uma sinalização de que esta é a
vontade da presidente.
Segundo a Folha apurou, Dilma de fato cogita essa alternativa, pois teme
que uma greve da PF na Copa afete a organização do mundial.
O ministro José Eduardo Cardozo disse ontem que o governo discute a
melhor forma de garantir a segurança dos grandes eventos. "Evidentemente
a decisão final competirá à presidente. A portaria só traz diretrizes."
Cardozo e o ministro da Defesa, Celso Amorim, vêm conversando sobre a
participação das duas áreas. Para as duas pastas, a portaria
visaorganizar a atuação de cada Força para que os setores envolvidos
possam se preparar.
A Defesa diz que "o natural" é que a coordenação fique com a área de
segurança -com a Justiça- e que os militares fiquem responsáveis pelas
áreas diretamente ligadas à Defesa.
Num sinal de como o assunto é espinhoso, a Federação Nacional dos
Policiais Federais enviou no início deste mês documento ao ministro José
Eduardo Cardozo criticando o uso da Defesa em ações de segurança
pública.
Fonte: Folha de S. Paulo
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