Como sempre ressaltamos aqui, é preciso se inteirar das
circunstâncias reais da ocorrência, para emitirmos algum juízo
definitivo. Mas não deixa de ser produtivo perceber o quanto as vaidades
corporativas podem se inflamar em determinados contextos da atuação
policial. No caso a seguir, ocorrido no Rio de Janeiro, um Desembargador
acabou prendendo um tenente PM que estava à frente de uma Blitz da Lei
Seca, aparentemente alegando que sua “autoridade” impedia que os
policiais o fiscalizasse.
No Brasil, o policial que nunca passou por algo parecido
provavelmente irá passar, e necessitará de alguma habilidade para
desenrolar situações semelhantes – onde o “sabe com quem está falando?”
coloca a ação policial em xeque:
Após ter seu carro oficial parado por agentes de uma blitz da Lei Seca em Copacabana (zona sul do Rio), o desembargador Cairo Ítalo França David, do Tribunal de Justiça do Estado, deu voz de prisão a um tenente da PM alegando que, por ser uma autoridade, não deveria ser fiscalizado. A informação foi divulgada pelo governo do Estado.
O desembargador, da 5ª Câmara Criminal, estava em carro oficial que era conduzido por Tarciso dos Santos Machado. Ao ser parado pelos policiais, o motorista se recusou a estacionar na baia de abordagem e parou o veículo no meio da rua. Além disso, se negou a fazer o teste do bafômetro e a entregar os documentos do carro.
David, então, desceu do veículo e disse aos agentes que não deveria ser fiscalizado por ser uma autoridade e deu voz de prisão para um dos integrantes da operação.
O carro do magistrado foi rebocado, e o motorista foi multado por se recusar a fazer o teste e a entregar os documentos.
Os envolvidos foram levados para a 13ª DP, em Ipanema (zona sul), onde o caso foi registrado.
Os agentes da Operação Lei Seca também foram à delegacia prestar depoimento como testemunhas. Após ouvir as declarações, o delegado Sandro Caldeira concluiu que não houve abuso de autoridade por parte dos agentes da operação e liberou o policial.
A Folha procurou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça para tentar entrar em contato com o desembargador. Ele, no entanto, ainda não foi localizado pela assessoria.
Fonte: Folha de S. PauloRetirado de Abordagem Policial
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