A farda do PM não deveria ser um fardo, e, sim, motivo de orgulho. Como outrora, em que o PM era um “bom partido” e as meninas o rodeavam nas ruas... Hoje, não mais... Hoje, a farda do PM significa vida pauperizada, risco de morte e desgaste moral.Muitas vezes a farda do PM envergonha seus familiares nos bairros, ruas e escolas. Basta a falha de um PM que esteja dentro da farda, por azar ou desídia, não importa, a culpa será de todos.Hoje, a farda do PM equivale ao pecado e à desconfiança; já até foi considerada, por um jornalista malicioso, uma “prisão onde só cabe um ladrão”.
E não falta quem não queira engrossar a fileira dos que detestam a farda do PM e odeiam indistintamente quem está dentro dela.Não lhes importam o corpo e a alma do anônimo que veste o seu fardo hodierno, como traduziu o poeta Salgado Maranhão (sic), prêmio Jabuti de Poesia (Câmara Brasileira do Livro, 1999):
Farda
Melhor se se chamasse fardo,em vez de farda, – esse travelcheque para o sacrifício –a defender o indefensável.
Melhor se se chamasse alvo:mural da ira acusadora contra os próprios personagens que lhe julgam protetora.
São, normalmente, pretos, pardos,Pobres, sobras de etnias:gente fabricada em série,que ao perder, tira se outra via.
E prossegue o ritual desse espetáculo de horrores, de Caim matando Abel numa guerra sem vencedores.
E prossegue essa torrente do sangue que não socorre, o drama de ser ver morrer, do lado de onde sempre morre.
(Sepultamento do Tenente PM Alexandre Alves de Lima, 24 anos, e do Sargento PM Ítalo Patrício da Silva Leal, 33 anos, mortos por traficantes na Favela da Maré em junho de 2009)
1 comentários:
nunca vi cena mais trite como essa ter de cepultar o homem que um dia fez parte daminha vida vá com deus ale
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