23 novembro 2009

Coronel se diz perplexo com assassinato de bombeiro por colega de farda

Em entrevista a uma rádio local, na manhã deste sábado (21), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, coronel Jadir Ferreira, se disse chocado com o assassinato do sargento CB Alessandro Fabian de Araujo Oliveira, 35 anos, ocorrido na madrugada da última quinta-feira (19). O crime foi cometido por um colega de farda, o soldado César Chagas de Almeida, que confessou o dolo, praticado com a ajuda de dois homens ainda não identificados.

Coronel Jadir, que estava em viagem a São Paulo, disse ter sido avisado pelo delegado do 4º Distrito Policial, Robervaldo Davino, do acontecimento: “O Davino me ligou por volta de 1h da manhã e naquele momento ainda se trabalhava a hipótese do Fabian ter sido sequestrado, não tínhamos ideia do envolvimento do soldado Chagas”, informou. Ainda sem saber da ligação do crime com alguém da própria corporação, o coronel disse ter entrado em contato com autoridades em Maceió, para agilizar as investigações: “Fiquei perplexo, mas logo comecei fazer ligações procurando os policias que estavam em serviço”.

Quando soube do envolvimento do soldado Chagas, o coronel Jadir confessou ter sido tomado por um sentimento de ‘duplo pesar’, tanto pela perda de um oficial quanto por saber que o crime teria sido cometido por um também integrante do CB: “A gente tinha a informação de que esse rapaz, o Chagas, era um bom soldado. Jamais poderíamos imaginar isso. Mas são coisas da vida. A gente pode estar dormindo com o inimigo e não sabe”, desabafou.

Apesar do episódio trágico, o coronel não acredita que a imagem da corporação saia manchada: “Como se trata de emprego por concurso público, muitas vezes são admitidas pessoas de outros Estados, que a gente não conhece. Mas nós temos cuidado com isso. Após concursos públicos aqui, nós chegamos a fazer uma investigação social e não detectamos nenhum problema. Em nenhum momento tivemos a informação de que ele estivesse incapacitado para exercer a função”, declarou.

Coronel Jadir disse também que o primeiro sentimento ao saber da autoria do crime foi a descrença: “A gente não quer acreditar, mas as evidências apontam para a autoria, ele, inclusive, confessou”. Outra surpresa declarada pelo oficial foi saber que o sargento Fabian emprestava dinheiro: “Nunca soube dessa atividade e nem sei qual o valor da dívida. O Fabian era um homem retraído, calado”. Informações extra-oficiais dão conta de que a dívida seria de R$ 2.000. A família da vítima nega que ela fosse agiota.

Sobre entrar em contato com o soldado Chagas, coronel Jadir ainda não decidiu: “Acabei de chegar de viagem, vou ao quartel me inteirar do assunto, mas não sei se vou ver o Chagas agora, pelo sentimento, não sei se vou ingerir bem isso”, desabafou.

Segundo informações do próprio coronel, o soldado Chagas está no cárcere do presídio militar, no bairro do Trapiche da Barra, e o inquérito policial do caso será fechado pela Polícia Civil: “Nós, do Corpo de Bombeiros, em paralelo, vamos cumprir todos os trâmites legais para a exclusão definitiva desse indivíduo da corporação”, finalizou.

O crime

Foi assassinado com oito tiros na noite da última quinta-feira (19) o sargento do Corpo de Bombeiros Alessandro Fabian de Araújo Oliveira, 35 anos. O corpo do militar foi encontrado em um canavial numa área pertencente ao município de Messias, a 33 quilômetros da Capital.

Segundo a linha de investigação policial, Alessandro e um amigo identificado como Damião Alves Dutra, 42 anos, teriam ido a uma residência no Jardim Petrópolis cobrar uma dívida, quando foram rendidos, colocados em um carro, de placa e modelo não informados, e levados a um canavial em Messias para serem executados. Ao chegarem, os assassinos efetuaram os disparos e, concluindo que as duas vítimas teriam sido mortas, abandonaram o local.

O que eles não poderiam imaginar é que Damião, atingido por três tiros, sobreviveu ao atentado, conseguiu pedir socorro e foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, onde passou por cirurgia e, acordado da sedação, testemunhou, contando detalhes da ação.

Na manhã da sexta, um homem identificado como César Chagas de Almeida, também do Corpo de Bombeiros, apresentou-se na delegacia de São Luiz do Quitunde, informando ter sido vítima na mesma ação. Pouco tempo depois, ele se confessou culpado pelo assassinato; ele seria ainda a pessoa que devia dinheiro à vítima.

por Isolda Herculano

Fonte:http://www.alemtemporeal.com.br/?pag=policia&cod=8854

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